Sunday, April 22, 2007

TEMPORARIAMENTE ENCERRADO



O blog CANTOS DO CAMALÃO encontra-se temporariamente encerrado.
Por motivos de agenda.
É claro que dentro da designação "motivos de agenda" tudo pode caber...
Para breve uma explicação merecida.
Para breve uma decisão final.



Sábado, 22 de Abril de 2007
Francisco Trindade

Friday, April 20, 2007

RAREFAÇÃO


E o poema faz-se sempre
contra o tempo
na carne
pela vida


ESPÍRITO


É na alimentação
dum imprevisto silêncio
que o mundo se transforma
TODA A CASA


Os mitos dão a forma
às coisas
e as coisas
quem pergunta por elas?


E O POEMA CRESCE


O poema cresce e multiplica-se
como a seara
na confusão da carne
pelos canais do ser
no silêncio
EVOCAÇÃO


Doa à poesia que espera
entre a rigorosa visão
dum sentimento
e a experiência da carne desmedida


O PRIMEIRO RESPIRAR


O mesmo fogo
a que o beijo aspira
a vida
assim não se desgasta
A NOITE CANTA BAIXA


A morte anuncia
sempre
os seus primeiros sinais
de presença
tal como a vida


ILUMINAÇÃO


Na penunbra
colhe-se a terra
inspiração
um grito
a invenção ilumina

Wednesday, April 18, 2007

A MORTE DO CORPO QUE É O SER


A morte mais sonhada
é a morte interminável
num instante

HARPA


Tudo é labirinto
Boa altura
para passar para o futuro
FRAGMENTO


De mim sei eu
boca de espelhos
rasto do silêncio
e o resto é erva

SÓ PERFIL


Éramos nós
sou eu
com a música
de onde a terra respira comigo
LUZ DE AVE


Os lábios têm este trabalho húmido
de expelir palavras
amanhã saberei o dia


DETRITO?


Entre a festa e a morte
fazemos outra manhã
constelação
ou simplesmente insistência?
MARTELAVA


Alturas há em que
estamos próximos do silêncio
esse é o momento do devir

IRRUPÇÃO


Esta só pode ser naturalmente
a hora do
dessasossego
desassombrado

Tuesday, April 17, 2007

GÉNESE E DESENVOLVIMENTO


Vejamos
resplandecemos quando esmorecemos
e pelo olhar visivelmente vitimado
asseguramos o dia


O QUE TEMOS


Não duvides
também eu já tive dedos
agora já não
essa alegria mostrada é utópica
ENVIESAMENTO


Esta é a inalterável forma de ser
mentir muito verdadeiramente
dizer a verdade falsamente


TO OU


A maneira mais ausente
é de se estar presente
Serias?
DERRAME


Soerguidos paraa vida
ligados uns aos outros por seiva


TOADA JUNTA


Moldam-te à imagem
que pretendem que assumas
só consegues dizer ai
eu posso mais que o próprio dia
DEITAR PALAVRAS


O meu gesto de escrever
é este ...


DO SONO DESPERTO


És maquis se o sabes
se não que outra coisa podes ser
que te orgulhes de ser?

Monday, April 16, 2007

PÉRIPLO NO FIM


Onde sem ser
basta sê-lo
uma vida
uma viagem
nunca uma miragem


DIFERENÇA


Como a linha do amanhecer
és
como o horizonte ao por do sol
sou
ÁRVORE


A noite só foi solução
momentânea
para quem pressinta
os pulsos ligados pelas grilhetas


UMA CERTA FORMA


Há o mar
Há a mulher
e ambos desde sempre
foram acessíveis ao homem
ALICERCE


Tudo é assombro
tudo é
cara a cara
Tempo?
Tempo de ser


INDIFERENTE


Olhar é sempre pensar
Dizer ao vento que varre todos os gestos
Ouvir é sempre querer ser
TEMPO 3


Até para a noite
há interrogação


TEMPO 2


Não existe censura
para o gesto
não existe instante
para o libertário

Sunday, April 15, 2007

COISA HUMANA DIZ COISA HUMANA


A chuva só cabe
num dia inteiro
se o digo é porque o sei
se o sei pensei-o


TEMPO 4


O amor assumirá
sempre
o nome de mulher?
PAÍS É SEMPRE APELO


País é sempre apelo
contracção
consternação
País -- fronteira
solidão

DA TERRA


Cuidadosamente
velo pelo acto
a palavra está presente
EXPRESSO


Expresso é a palavra que se diz
a exigência que se identifica
a deslocação que ao silêncio se imprime


O ENCONTRO DO GESTO


Toda a escrita se designa
Nem toda a designação se escreve
esta é a poesia
este é o meu real
OFERECIMENTO


Pouco sou outro
outro pouco sou
isto é o prolongamento
da minha sombra


INFATIGÁVEL TEXTO


Aniquilação é o ser de insistência
essa é a viabilidade de um sentido

Saturday, April 14, 2007

IGUAL


igual
é este início no tempo
a todos os outros
isto é o vértice da queda?


SINAIS SERENOS


O espaço é sempre
um outro objecto
cada olhar
assim
arrefece
PROMETEU


Nasci confiante
certo de querer viver
o tempo não é nada
cresço na minha mão


DIAS SINGULARES


Os únicos meteoros
de que tenho conhecimento
são as palavras
o resto são cristalizações
O CAMINHO EM NÓS


Este mar interior
que somos nós
limite



OPOSTOS SIM E NÃO


Comodamente
convido-te a entrar
na minha vista
o olhar esse
dilata-se
LISTA DE CEGOS


É a dor de estar
é o sol de querer
o dedo
matéria
corpo fremente


SEM PONTOS DE REFERÊNCIA


Cem pontos de referência
a água cai
ruído ou limite
nem espuma nem acto

Friday, April 13, 2007

PESO DE AR


Na suspensão
do ar
está o viver
este é o solo que se contenta


MÃOS AGENTES


As mãos são agentes
do tempo
isto é o peso
que faz ranger
VERTENTE


Não há só olhos ofendidos
há também corações reclusos
força caindo pó


LARGO LAGO


Apenas procura
apenas espaço
apenas um espaço de procura
TENSÃO


Tensão de soluço
glóbulos presentes do olhar
Será só amar?


O PRESENTE MAIS NOVO


A água é possível
como o tempo
o ser é por consequência
insustentável
AMOR


No acto
sei onde te tenho
fêmea


MARÉ MORNA


Não exijo a fuga germinal
respirar o segredo
é unicamente abrir as portas
nesta terra sem sequência

Thursday, April 12, 2007

VERTICAIS


As mãos sabem
onde te queiras ver


TENDÃO


Não há insistência
só sistência
água seca
água só
exijo-te mais quente
VIDENTE


A única conquista
a promessa dum sol desencontrado
neste solo
onde a música é um intérmino motor


CAMAL


Sabe-se quando se procura
de resto não há queda livre
NA MINHA FACE


Sinal que deixo à posteridade
Um peso maior
se libertou de mim
imagreci


AURORA


Tranfiro-me sempre para um corpo
nunca para um objecto
áquilo chamo eu entrega
a isto sopro
FRAGOR


No tempo contra tempo
só os espectros repousam


NESTE AMOR PARA DAR


assim te quero
o meu cilindro
no teu triângulo
suspensos neste abismo

Wednesday, April 11, 2007

TAMANHO


assumo o corpo
tenso
aberto

matéria para um edifício


VERTER


Não ignoro o cuidado
de aquecer
as palavras recusas
os enredos
que na garganta proliferam
O SOL É SEMPRE


Andas no peso de estar
no encontro
todo o ser



ASSIM


Assim
declaro
que não há declaração a fazer
a não ser esta
os dedos à conquista das palavras
O CÂNTICO


Leva-me para o interior do teu beijo
esse é o meu unguento


INDICAÇÃO


Saliência
Diário
insistência
sono
percursão da conjugação
existo
DESDOBRAMENTO


Iremos então ao campo
e cantaremos o hino ao tempo
estamos para viver


ORVALHO


E assim passa
o sulco da vida do homem
Pelas suas costas

Tuesday, April 10, 2007

PARA PODER COM AS PALAVRAS


Tocamo-nos repentinamente
e sabemos que não morreremos de espanto


A PRONUNCIAÇÃO DAS PALAVRAS


O único esforço válido
é um válido esforço
Flutuação
PARA SEGUIR


É possível a abertura
é possível a mordedura
é possível o mundo
nervura viva


FORTUITAMENTE


Toda a insinuação de um gesto
é uma desordem
à qual preside um pensar
SIBILÂNCIA


O ruído sibilante
o som onde tudo começa
eu sou
completamente vivo


A DOÇURA, A FEBRE, O MEDO


O sangue assalta
a doença pode ser imóvel
ELEGIA IV


Folha breve no seu rumor
cada gesto no seu ser


AR ARDIDO


Tudo se escoa
onde tudo se coa
o corpo

Monday, April 09, 2007

ESPERA


As pedras não florescem
Floresce o que está sob a pedra


ELEGIA III


Hoje os montes e os rios
amanhã nas tuas mãos
TODA A MANHÃ


Toda a manhã
fui
lembrança do dia
aroma ao descer
mas sobretudo
direcção


ABERTA


Leitura do ser do acto
momento retrospectivo
para de novo ser
Obra
PARTE DE CORPO


Amo o brilho
no lábio dízivel de ser


DA MEMÓRIA


Com que palavras
te devo acordar?
Dizes com lentidão
sei
e eu sei
mas tu sabias?
A COR DO ESQUECIMENTO


Escrever na terra para quê?
não confies melancólico na história
revolve a terra
mas não faças esse corpo de espanto

IMAGEM


Aqui foste
onde sempre te vejo
garganta inflamada
frente ao espelho

Sunday, April 08, 2007

DUNA


A terra me basta para viver
mas que seja minha
para que seja nossa


BEIJO DE TERRA


Não há ninguém
que tenha
vocação para a morte
o que é então um nome?
UM DIA PERDIDO DE JUNHO


Um barco chega
o sol natural
o mar esteve
nos olhos desta gente


PARA TODOS OS DIAS


Ser e estar
é uma e a mesma coisa
o caminho no entanto
é o mesmo
PRIMEIRO MUNDO


O rio que vem
a sombra que vai
algo que é preciso
o riso


PASSOS MIÚDOS


Cheiramos esta terra
Ligeiros
enquanto o céu fabrica
outros risos
BALANÇO


Sob cada gesto
escrevo a palavra
São cheios os dias


OS DIAS DE TUDO


O meu projecto é só um
este!
o da saciedade

Saturday, April 07, 2007

A CORTE REUNIDA


A solidão das coisas
é o ar do aposento


TEMPO SEM MEMÓRIA


Tudo é presente
o atributo do ser
resposta
ao tempo
CAÍ PERFEITA


O nítido
entenda-se pela palavra
palavra súbita
inolvidável


LUGAR ONDE


Onde está está o nosso lugar?
em que catálogo?
O FUTURO VALEU?


É sempre tarde e cedo
comboios tristes
vestígios
outras paragens


SOLARES


As pernas dos homens
explorados
caminham caladas
no entanto visíveis
QUANTO ÀS HORAS -- ININTERRUPTO O OLHAR


Obliterado sou
prossigo porque é
provável
desgarrado?


DESAMOR


Os dias já perdidos
desfavor e mansidão
amor

Friday, April 06, 2007

AGORA A LINHA


Esqueço a palavra
no teu retrato
a outra palavra


CONTORNO


Passos densos
caminhos esmagarmos
afirmares seres
necessariamente
CONTRAPROVA


Haverá quem grite
fora da tragicomédia?
a memória é tão só
uma janela


VIAGEM


Nocturna a noite
queda preencho
fica o travo
a silêncio
outra fronteira
CAMINHO DE VOLTA


sosseguem
recuperei este ponto
absurdamente
alguém poderia ter vindo comigo?
Se previsto


DISSONÂNCIA


O percurso está descrito
é vivê-lo
enquanto se forja a epopeia
riso de sempre
amanhã a prova
OS PONTOS DE VISTA


Penso sempre os sinais
alternadamente
com a respiração
Falemos então uns dos outros


DEITAR


Caos é só alquimia
as minhas horas
urgentes
a cidade a consentir
a alegria desencantada

Thursday, April 05, 2007

PALAVRAS QUE SÃO


Não há destinos anunciados
pela coincidência
quando isso acontece
é uma mera coincidência


SOMBRA -- LUZ


Mastiga-se a escuridão
quando se desconhece
o sentido da vocação
MORAR


Toda a presença
existe
no presente



ASSIMILAÇÃO


entre corpo e corpo
só um outro corpo
a única evidência admissível
PERFIL


Nunca espero imóvel
quando respiro num corpo


CLARIDADE


Toda a esperança
espessura
Todo o homem
invadido
SABOR


Sabor como saber
Defronte
tudo sei


ALENTO


Terra e gente viva
silêncios sonoros
poema aberto

Wednesday, April 04, 2007

NÃO HÁ CORPO SEM SENÃO


Ao sol e ao fim
firme
unido
novo e contra a fronteira



INVENTÁRIO


Amplitude
a reconquista duma dimensão
a resposta
é uma simples respiração
MODELAÇÃO


A página desvenda outra
uma força
no intuito de sair
para a claridade


QUADRADINHOS


É só a terra
é só o pão
é só a mão
Beijo
CORREDOR


Somos em todo o ar
sermos
há-de vir
amanhã a diferença


O DIA EXISTE


O sol sobe sempre
murmuro
é um lábio livre
INTEIRO


Quando é se é
nunca sei
esse o mistério das vivências


CRIVADO


Um corpo forma-se de palavras
o corpo forma-se de acção

Tuesday, April 03, 2007

PORFIRIGAL


Pois é
país de sol
com o sol
é só sol


PALMAS


Palmas
habitantes do ar
nervos carne e pele
INTERVALO


Onde nada sussura
Onda que sussura




PRINCÍPIO


Somos suspensos
estamos
existe perguntas
muitas
CUMPRIR O AR


Palavras soltas
restituem o espaço
é aí que respiro


CONTINUAR COMO OLHAR


Continuar
é a minha vontade
mas a minha impossibilidade
MISTURA


O exposto é imprevidente?
só tem sentido o que dizemos



POETA


no sítio onde se perde o rasto

no meio do sonho

Monday, April 02, 2007

CANAIS


Tudo razões
que nos iluminam



ACORDAR


Que as nuvens nos sustentem
o resto é o inútil
AGUARELA


Os nomes têm as suas razões
que as razões desconhecem
desespero ou indecisão?
simplesmente disposição


O VISÍVEL


As palavras nunca esgotam os objectos
o contrário é igualmente verdadeiro
embora parecendo inverosímil
CALENDÁRIO


Aqui está o que sei
Todo o ruído é audacioso
o consumo intemperante



NÃO ME PERCO


As dúvidas
apesar de tudo
não perturbam
a coerência
das nossas ambições
O ABSOLUTO


O único absoluto que conheço é o pau.



PARA UMA FILOSOFIA DA EXPERIÊNCIA POSSÍVEL


Para compreender basta ver
com olhos de agir

Sunday, April 01, 2007

AFORISMO III


3 - O maior drama não é andarmos
descalços é sermos obrigados a isso



AFORISMO IV


4 - A poesia é a lógica mais simples
pelo motivo que não encerra lógica alguma
AFORISMO I


1 - Desespero e falta de liberdade
são no meu entender sinónimos



AFORISMO II


2 - A lucidez não é de modo algum
uma obrigação é uma presença
VI-SÃO


A visão poética é perpétua
e perpétua é a tua visão sobre o mundo



PROPOSIÇÃO


O trágico das relações humanas
é não haver relação humana alguma
A QUESTÃO


LIBERDADE
é uma palavra como as outras
É ou não é verdade?



META--MORFOSE


O meio-sentido do sentido pleno
lembra-me a sombra do homem
dissolvendo-se em sombras.